sábado, 3 de janeiro de 2015

29 #Florista

Embora eu seja um biólogo por formação, eu nasci naturalista. Desde cedo me identifiquei com pedras, passarinhos, conchas, insetos....e é claro, com as plantas. Minha preferência sempre foram os animais, mas as plantas sempre tiveram minha atenção e respeito. E quando estudei a ciência que as estuda, a Botânica, na universidade, fui conhecendo cada vez mais esses seres que transformam a luz em alimento. Sendo assim, pegar um bico de FLORISTA não seria uma péssima ideia, muito pelo contrário, uma oportunidade de vender as flores com mais informação. A Dona Jatobá, da Floricultura Bem Me Quer (nome ótimo para quem busca um emprego, não?), gostou da ideia e logo cedo, lá estava eu pronto para o primeiro cliente. Era um senhor procurando tulipas para dar a sua mulher. Eu agradeci a preferência pela floricultura, mas disse que não recomendava que ele comprasse tulipas. Surpreso, ele perguntou qual seria razão de não levar essas flores. Eu disse que elas eram mantidas em ambientes climatizados de 2 a 5ºC e que isso era necessário para simular as condições ambientais de onde são nativas, como por exemplo, na Holanda. E sendo assim, elas não durariam nada por aqui. Meio indignado ele decidiu levar uma Cattleya, ou seja, uma orquídea cuja venda é muito popular. Eu disse que seria uma opção melhor, mas que teria dúvidas se eles conseguiriam manter a planta viva, já que a maioria das pessoas as hidrata demais fazendo as folhas, pseudo-bulbos, rizomas, brotos e flores,  apodrecerem em poucas semanas. Já nervoso, ele me perguntou qual seria então a flor que eu indicaria como presente. Eu o chamei próximo e disse baixinho: "Não me leve a mal, mas vou ser bem sincero com o senhor. Eu sugiro um ramo de bromélias artificiais, pois assim vocês só teriam que se preocupar em tirar o pó delas." Ele reagiu como se eu tivesse o insultado e foi logo reclamar com a Dona Jatobá. O final vocês já devem saber qual foi. Bem, eu não vendi nada, mas pelo menos, fui fiel as plantas e sincero com os clientes. E viva o papel do florista! #UmBicoPorDia  

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