segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

45 #Barman

Durante um período de minha adolescência (que não faz muito tempo! Rs), eu passei a engordar a minha mesada com uns bicos (fui precoce na área) que eu fazia no bar da minha tia. Não era sempre, mas quando surgia, era aquela briga em casa para ver quem iria. Só um poderia ir. A disputa era entre eu e meus irmãos. Nos revezávamos, mas para ganhar uns trocados ajudando a tia, todos nós queríamos ir sempre. Muitas vezes a gente nem ganhava nada, mas íamos do mesmo jeito. É aquela coisa de poder descobrir a noite e voltar de madrugada, sabem? E para adolescente então, um prato cheio, ou melhor, drink cheio. Nosso trabalho era de BARMAN, mas acabávamos mesmo é pegando cerveja, água, refrigerante e fazendo suco. Quando pediam coquetéis, boa parte das vezes fazíamos caipirinhas e caipiroscas. Embora nossa função fosse de balcão, nos sentíamos os barmans do pedaço. Coquetel de frutas, alexander e blood mary também eram requisitados, mas muitas vezes isso ficava para os mais experientes. O tempo passou, mas eu ainda me lembro, ou acho que lembro, de como fazer esses drinks. E por acreditar nisso, que resolvi testar o bico em algum bar. O único a abrir as portas para mim foi o Seu Carlos, do Bar do Cachorro Trompeteiro. Barzinho charmoso que toca um bom jazz e tem bons coquetéis. Imaginem a responsa de trabalhar em lugar desse? Bom, eu já estava reabilitando a agilidade na caipirinha. Era uma atrás da outra. Os clientes estavam adorando e se embebedando também, claro. De repente o açúcar acaba. Perguntei pra galera onde tinha mais e disseram que era no pote verde, embaixo da pia. Achei o pote e continuei mandando ver junto com o chope, que eu também estava tirando. Eu não estava acreditando. Mas o encanto quebrou, quando o pessoal de umas três mesas vieram se queixar da caipirinha. Eu perguntei a razão e um deles disse para eu experimentar. E foi tocar a boca para perceber o erro. Sal. No pote verde tinha sal e não açúcar. E para complicar, eram dois potes verdes. Um escuro e outro claro. O Seu Carlos ficou nervoso, mas entendeu que qualquer novato iria se confundir. Disse para eu ficar, mas tomar cuidado. Começaram a pedir o bloody mary, aquele coquetel que a base é o suco de tomate, sabem? Então, foi um atrás do outro até o suco acabar e eu precisar ir atrás de mais. Jarra branca na geladeira, disseram. Peguei a jarra e fui fazendo até eu escutar um grito no salão do bar. Era um homem com uma fala enrolada. E adivinhem só o porque? A boca do coitado estava pegando fogo. Estranho! Eu nem tinha coloquei muita pimenta, disse a um dos garçons. Quer dizer, eu só coloquei pimenta. Tinham duas jarras brancas na geladeira. A da frente era molho de pimenta concentrado e a segunda, a de suco de tomate. Bom, depois de salgar e apimentar, o bico azedou e o Seu Carlos amargou. E viva o papel do barman! #UmBicoPorDia

2 comentários:

  1. Professoor!! Saudades de você e suas aulas! Era uma das minhas preferidas no Etapa! :(( Você parece tão cansado! Espero que tudo de certo! Btw, a minha história preferida até agora foi o da velinha! Foi sensacional! hahahahha

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  2. Posso até aparentar cansaço, mas saiba que está sendo um cansaço bom! Com filhão pequeno e estudando novas oportunidades, eu nem posso reclamar de nada, Carolina! Bom saber que está acompanhado. Mantenha contato! Bjos

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